Nesse dia desolador em que nos sentimos sem esperança, eis que surgem flores.
Vou contar pra vocês um relato de esperança e fé em nossos pares, fé que não pode se abalar mesmo diante de tanto horror.
No inicio de fevereiro deste ano, uma dupla de jornalistas tocou em nossa campainha, eles buscavam fazer uma matéria para o carnaval falando sobre a Carmem Miranda. Ao passarem na antiga residência de Carmem Miranda, nosso vizinho recomendou que batessem a nossa porta. Ele falou “Procura a Pilar, ela sabe tudo sobre a Carmem.” Assim eles fizeram e, por sorte, Pilar estava em Casa.
É importante, pra quem não sabe, ficar sabendo que Carmem Miranda foi a grande responsável pela vinda de Benet Domingo e Conchita ao Rio de Janeiro e, mais do que isso, quando a casal foi procurar a casa que chamariam de lar e escolheram a atual Casa Benet Domingo descobriram que parede ao lado vivia Carmem Miranda! Pois é, ‘coincidência’, né? Não… é a magia da vida.
Quem já veio aqui com tempo para descobrir a Casa, sabe que a Pilar proporciona um mergulho na história da família, da Urca e da ‘Vizinha Carmem’ e assim ela fez com a Clarissa e o Antonio, os dois jornalistas que entraram no túnel do tempo guiados pela mão de minha mãe. Ao longo da visita, Antonio se deparou com uma matéria que sempre exibimos com destaque e orgulho, a matéria de Valeria Saconne para o Periódico de Catalunya sobre o carnaval de Benet Domingo, e eis que ele descobre que a foto da reportagem (um homem vestido de Carmem Miranda) era de sua autoria, era uma foto que ele havia vendido muitos anos atrás para o banco de imagens do jornal. Evidente que todos se acometeram de uma emoção ímpar, de sentido e significância nesse encontro mágico e mais uma ‘coincidência’ incrível envolvendo Carmem Miranda e Benet Domingo. Após duas horas de intensa conversa e emoção os dois se despediram da Pilar e da Casa desejando que em breve a linda matéria sobre Carmem fosse publicada.
Ok , mas vocês devem estar se perguntando o que isso tem a ver com as flores. Eu vou explicar.Hoje, mais de dois meses depois desse lindo encontro, toca a campainha a Clarissa com duas flores na mão, procurando pela Pilar. Hoje a Pilar não estava e foi a minha vez de experimentar um encontro mágico. Eu a recebi e ela me disse que vinha pedir desculpas, pois a matéria que haviam feito não havia sido publicada e ela estava muito triste, pois a Pilar havia sido tão gentil e passado tanto tempo com eles que ela queria vir se desculpar pessoalmente. Essa ação representada nessas duas flores é o que faz toda a luta fazer sentido, toda a ‘perda’ de tempo não ser perda alguma e tudo ter uma razão de ser.
A Clarissa e o Antonio talvez não saibam, mas a matéria não ter saído tornou possível esse segundo encontro e essa renovação de esperança em um momento tão crucial. Recebi hoje duas flores em vez de um e-mail e decidi fazer um relato de algo que nenhum jornal iria contar.
Não perderemos nossa fé, nossa voz e nosso amor!! Seguiremos sempre em frente!
Maria Matina, 18 de abril de 2016.
‘Cuando atardezca
te diré
si vivi el dia
como quiero
al levantarme.
Te diré
si supe
no aceptar
lo inaceptable;
si supe buscar y hallar
caminos nuevos
y dejar de recorer los ya trilhados;
si supe dar la mano y darme;
si supe
descubrir atajos
hacia el amor;
si supe recordar
y reir
cuando tenia llanto
salobre,
amargo,
asomándose
a mis labios.
Al caer la tarde
te diré
si supe vivir
con plenitud
o viví en balde.’